Quando pensamos em cultura por uma perspectiva de consumidor de produtos e serviços artísticos e culturais, muitas vezes, romantizamos o trabalho dos que vivem a produzir e dependem exclusivamente de suas artintelectualidades. Chegamos lá, verbalizamos o apoio, divulgamos nas redes sociais e talvez, compramos algo para porque houve um apreço, um gosto para fortalecer e engajar algum valor para além do monetário. Mas agora, convido a pensar por uma outra ótica: as secretarias e outros órgãos da cultura municipal e estadual realmente valorizam os agentes culturais?
Parando para pensar, chega até ser mais perverso a indústria cultural quando comparamos com vínculos empregatícios pela CLT, sobretudo em nosso estado. Várias pessoas de grande talento, precisaram ir para outra cidade porque aqui não tem oportunidade. Uma espécie de um êxodo cultural para o eixo sul.
É importante, primeiro, a lucidez que reflexões sobre essa indústria não são evocados em diálogos, quando estes acontecem sempre são exaustivos e sem muitas conclusões. Segundo que os artistas não são amparados pelo Poder Público e prova disto temos várias pessoas que acabam desistindo do seu fazer intelectual para trabalhar em cargos subalternizados e de pessoas que até já fizeram passagem.
A LPG para muitos, chegou como uma luz no fim do túnel pelo atraente valor de recursos a ser utilizado para projetos. Mas que na verdade, a reduzida quantidade de vagas disponíveis colocou os agentes culturais em um verdadeiro ringue de disputa para serem contemplados em pelo menos uma oportunidade.
E não podemos deixar de citar, as lutas e os processos que foram travados para haver acesso às políticas afirmativas. Já que, os editais anteriores não chegavam a contemplar indígenas, quilombolas, PCD, ciganos e povos de comunidades de terreiro de matriz africana e indígena. Embora a efetividade desses critérios e suas burocracias ainda sejam muito embrionários e também não simplificadas para muitos, impedindo até de forma democrática os acessos.
Chamo a atenção e reflexão de todes sobre os fomentos e valores para os agentes culturais, sobretudo de pessoas indígenas, negras, quilombolas, ciganas, de comunidades tradicionais, de terreiros de matriz africana e indígena. Pois, são essas pessoas que fazem parte destes marcadores que sustentam “as culturas” em no RN, muitas vezes por conta própria, vulgo o velho “na tora”. Os valores a quem trabalha com cultura é subjetivo, e principalmente monetário, até porquê os boletos, as contas não param e talvez para o mínimo de lazer sem culpa.
Texto por @taangahara
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